
Com cerca de 11 mil novos casos em adultos por ano no Brasil, a hidrocefalia atinge principalmente pessoas idosas.
Caracterizada pelo aumento do líquido cefalorraquidiano – popularmente chamado de líquor – nas cavidades cerebrais, os sintomas da hidrocefalia são: Deficiência progressiva da memória, instabilidade para caminhar e dificuldade para reter a urina. Como os sintomas isolados podem estar associados a outras patologias, muitos casos acabam sendo subnotificados e o paciente é privado do tratamento ideal.
Diferentemente da hidrocefalia infantil, em que ocorre a expansão da cabeça porque ainda não há consolidação óssea da caixa craniana, no adulto o liquor não reabsorvido acumula-se nos ventrículos, comprimindo estruturas cerebrais importantes e causando os três sintomas citados anteriormente. Em condições normais, há cerca de 250ml desse líquido circulando e sendo reabsorvido pelo cérebro de um indivíduo adulto, quantidade que se refaz em média três vezes por dia.
Causas da hidrocefalia em idosos
A grande maioria das ocorrências de hidrocefalia em adultos idosos está associada à incapacidade do cérebro de reabsorver adequadamente o liquor, por razões ainda desconhecidas. É denominada Hidrocefalia de Pressão Normal Idiopática (sem causa definida), porque apesar do aumento dos ventrículos, a pressão do liquor é normal. A hidrocefalia também pode ocorrer pelo excesso de produção de liquor, causado por fatores como traumas cranianos, acidente vascular cerebral (AVC), tumores cerebrais, cirurgias cerebrais prévias e hemorragia das meninges. Em casos mais raros, pode ser provocada pela oclusão dos aquedutos (canais por onde circula o liquor), seja por defeito congênito ou por tumores.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de hidrocefalia é feito pela história clínica e por exames de imagem que mostram os ventrículos aumentados. Quando há suspeita de HPNI, é realizado o teste terapêutico denominado Tap-Test. Inicialmente, o paciente passa por avaliação da memória cognitiva e por testes de marcha. No outro dia é submetido à punção de cerca de 30 ml de liquor retirado da coluna vertebral, o que reduz temporariamente a retenção nos ventrículos.
A principal indicação para o tratamento da hidrocefalia é a cirurgia de derivação ventrículo-peritoneal (DVP). O procedimento apresenta índices de eficácia e segurança superiores a 80%. Consiste na colocação de um cateter no ventrículo cerebral, ligado a uma válvula e a outro cateter, implantado na altura do pescoço e que chega até a cavidade peritoneal, na região do abdômen. A válvula tem a função de regular o fluxo, abrindo toda vez em que há aumento dos ventrículos e drenando o excesso de liquor – levado através do cateter até a cavidade peritoneal. Os sintomas desaparecem por completo logo após o procedimento. O avanço da tecnologia possibilitou a criação de válvulas reguláveis que, caso seja necessário, podem ser ajustadas sem procedimentos invasivos.
A frequente confusão dos sintomas da hidrocefalia com os de doenças como Alzheimer retarda e, muitas vezes, impede a detecção da doença. Mas, com diagnóstico precoce e tratamento correto, a hidrocefalia pode ser completamente curada, resgatando a qualidade de vida do paciente e de sua família.